11.27.2009

Inutilidades

Inutilidades (José Paulo Paes)

Ninguém coça as costas da cadeira.
Ninguém chupa a manga da camisa.
O piano jamais abana a cauda.
Tem asa, porém não voa, a xícara.
De que serve o pé da mesa se não anda?
E a boca da calça se não fala nunca?
Nem sempre o botão está em sua casa.
O dente de alho não morde coisa alguma.
Ah! se trotassem os cavalos do motor...
Ah! se fosse de circo o macaco do carro...
Então a menina dos olhos comeria
Até bolo esportivo e bala de revólver.

11.26.2009

Salve, salve...

Essa é para amanhã... de branco, tomando o sol em seu momento pôr...
Cante com Belô

Toda sexta-feira toda roupa é branca
Toda pele é preta
Todo mundo canta
Todo céu magenta
Toda sexta-feira todo canto é santo
E toda conta
Toda gota
Toda onda
Toda moça
Toda renda
Toda sexta-feira
Todo o mundo é baiano junto


(Toda sexta feira)



Na hora do Porto da Barra

Pronto! Ontem o verão chegou para mim! O sol já vinha comendo os meus miólos e juízo, mas ontem tomei uma água de coco no Porto da Barra na hora do por do sol e como por encanto o verão chegou, colorido, suado, sorrisos e paqueras. Delícia! Em breve a foto que fiz, mas em outra máquina.


Ele vive calmo e na hora do Porto da Barra fica elétrico
Eu vivo elétrico e na hora do Porto da Barra fico calmo
Ele vive eletriconsumida, consumada ou mudamente bem mais calmo porque curte cada golpe do martelo na bigorna do destino, e na hora do Porto da Barra fica firme
Eu vivo calmargalarga, abertamente bem mais louco porque espero pelo beijo arrependido da serpente do começo, e na hora do Porto da Barra fico aflito

E na hora do Porto da Barra fico aflito
(Eu e ele - Gil)

11.18.2009

Esquinas só servem se a gente dobrar...

Então, como eu não fui... choro o que perdi.

Ontem, dia 17 nov., aconteceu o "Hoje é dia de esquina!", um evento que durou aproximadamente um hora e meia, em um trecho da Avenida Manoel Dias da Silva.

O meu vacilo me fez perder esse evento que teve a sua gênese no Baixo Leblon (êh, saudades!!), no Rio tem o objetivo conduzir uma reflexão sobre os vários usos dos espaços públicos.

Que outros eventos como esse aconteçam. E que eu saiba antes deles acontecerem...

Quem é Geyse?

Que ela sofreu agressão de seus colegas da Uniban, isso nem deve ser discutido, pois está claro!

Mas fico pensando o que essa moça está fazendo em todos os canais midiáticos em que olho? Até aqui nesse blog!


Ela tem o f-o-fó recheado dela bem virado pra lua, isso é que eu estou vendo...

11.13.2009

Festival de Músicas Mestiças no Museu du Ritmo

Desde ontem (até o dia 15) acontece no Candyall Gueto Square o Festival Música Mestiça em Salvador, parte das comemorações do projeto do Centro da Música Negra, realização de Carlinhos Bronw.

O Festival, que foi criado em Angoulême por Christian Musset , na França, em 1976, com o objetivo a promoção da música urbana e contemporânea da África, teve sua primeira versão baiana este ano, também em referência ao Ano da França no Brasil.

O projeto do Centro da Música Negra , que tem previsão para ser finalizado em 2010, pretende abrigar no Museu du Ritmo um centro digital sobre a história da música africana.

Para o presente momento temos um Festival de três dias com artistas da África, diáspora e Bahia, com workshops e conferências.


Maiores informações:

Confira algumas fotos (dia 13) feitas por Helder Barbosa no Aldeia Nagô:
http://www.aldeianago.com.br/component/option,com_expose/Itemid,60/album,293/


11.08.2009

Sobre seus olhos

“No dia que fui mais feliz,
eu vi um avião se espelhar no seu olhar até sumir...”
Adriana Calcanhoto


Já não sei se foi o tempo que passou ou se realmente eu que já não tenho memória; as coisas ficaram nebulosas, mas os seus olhos permanecem e fazem de minha vida um não-sei-que. Pois que às vezes me assustam e outras me inebriam de paixão. Já não sei se pelo tempo; mas, o que é o tempo? O período que se passou contado em dias ou os momentos que realmente vivemos? Os dias que não foram vividos, eles haverão de ser contados?
Só sei que, quando aparecem como paixão, aqueles grandes olhos, trazem junto uma história que pode ser vista, lida, sentida... sem intervalos, dia após dia, trazendo uma unidade que talvez não tenha existido, ou quem sabe, apenas dando outra forma ao que nos ensinaram sentir diferente.
É engraçado o como eles ficam grandes e brilhantes, e como podem aparecer em momentos em que seria impossível: como enquanto você dorme - imagino que isso não deve ter acontecido num dia real, mas quando vem, você dorme de olhos grandes, abertos, e ao mesmo tempo é um dormir singelo, de criança. É como se mesmo fechados, eles, seus olhos, continuassem a iluminar.
Talvez seja isso; luz! É engraçado que mesmo tão abertos, e sendo, eles, o que poderia servir de sua representação em mim, eu não saiba como sejam: cor, formato... Isso dá aquele gosto de que falava o Caio Abreu - de morangos com mofo - ou talvez o gosto de que fala a minha mãe - de cabo de guarda-chuva - mesmo sem saber de verdade se eles são iguais ou não.
Como passar toda a historia do que foi vivido, tendo como projetor teus olhos, e ao mesmo tempo eu não saber como são?
Sei que são eles quando vejo, identifico-os sem pensar, e os encontraria no rosto de qualquer transeunte, mas..., não sei ao mesmo tempo. Hoje eles povoaram meu dia, acordei, e eles já estavam lá; estão desde a vez em que nos falamos, sua voz alta chegava até mim baixinha e eu, de olhos fechados, tentava compreender o que você dizia, e via seus olhos. E eles ficaram presente. Não se desfizeram quando você se foi...

"... Não sei o que em mim
só quer me lembrar
que um dia o céu
reuniu-se à terra um instante por nós dois
pouco antes do ocidente se assombrar ..."


Para o dia 08 ago. 2000

11.07.2009

Olhos de Lévi e um velho Novo Bárbaro

"A Baía de Guanabara...
O antropólogo Claude Levy-Strauss detestou
a Baía de Guanabara:
pareceu-lhe uma boca banguela."

(falando em Caetano... cada vez mais bonito... )

eu repito, cantando, recitando, pensando:
e eu, menos estrangeiro no lugar que no momento



Lévi-Strauss em sua primeira viagem ao Brasil, no ano de 1935, ao entrar de barco pela Baía de Guanabara (Iguaá-Mbara, baía semelhante ao mar) observa o relevo dos morros, acha triste a distância entre eles, uma sensação de que falta algo, unidades, dentes... Não se encanta.

A decepção frente ao que ele esperava das belezas do Rio de Janeiro é assim descrita pelo antropólogo em Tristes Trópicos:

"Parece-me que a paisagem do Rio não está na escala das suas dimensões. O Pão de Açúcar, o Corcovado, todos esses locais tão gabados assemelham-se , para o viajante que entra na baía, a raízes de dentes perdidas nos quatro cantos de uma boca desdentada. Esses acidentes geográficos, quase constantemente submersos numa bruma lamacenta dos trópicos, não conseguem preencher um horizonte amplo demais, para se contentar com eles. Se quisermos abranger um espetáculo, temos de tomar a baía no sentido oposto e contemplá-la do alto." (Claude Lévi-Strauss)

Ah, para não se espantar com o fato de que L-Strauss já falava do Pão de Acuçar e do Cristo Redentor no morro do Corcovado, eles são respectivamente de 1912 (e ligava a Praia Vermelha ao Morro da Urca) e de 1931.

pedaço de poesias...

"restos de ontem não amanhece o dia & o melhor de tudo é deixar acontecer pra ver que sol vai dar,
qual o caminho que aponta a inspiração & por qual canção inaugurar o silêncio da manhã"
( pausa & poesia, de zhô bertholini)

Ainda falando em café... conhecendo a lenda de Kaldi


Conta a lenda que há cerca de mil anos viveu na Abissínia (atual Etiópia) um pastor chamado Kaldi. Muito observador da natureza e atento ao seu trabalho, Kaldi percebeu a mudança de comportamento de suas cabras, que ficavam alegres e saltitando, quando consumiam os frutos do cafés existentes nos campos da região. O pastor teria comentado sobre esse comportamento das cabras a um monge que decidiu experimentar os frutos sob a forma de infusão e descobriu que esta bebida o ajudava a resistir ao sono enquanto orava em suas longas leituras.
Os monges difundiram a descoberta, criando uma grande demanda pela bebida.

Um livro por um mocha gelado com canela


Essa coisa de cafés, cappuccinos e afins é realmente contagiante... Fui comprar um livro, que por sinal não tinha mais na loja, e para não dar uma viagem debalde resolvi parar no café da livraria, o Café Feito a Grão. Me deparei com o moka (ou mocha) coffee shake (R$ 10,90), que mesmo levando Nutella me surpreendeu (seus outros componentes são sorvete de creme e chantilly). Já soube que outros cafés tem essa mesma cremosa bebida italiana, e já me prometi aprovar a iguaria.

Ah, a livraria em questão é a Saraiva, os preços dos livros são bem caros, até porque não tem concorrência, mas o café vale bem a pena. Além do mais, na nossa província é o que há.

11.05.2009

Para mudar o rumo dessa prosa!

Ixi. Acho bom falar de algo mais alegre!
Esses dias, terminando um trampo pelas bandas da Barra, procurei um lugar agradável e aconchegante para tomar um café.

Encontrei o Café do Porto com um maravilhoso shake de caputino: afinal ainda não é verão, mais já está bastante quente aqui nessa terrinha!

Ah, no Café do Porto você ainda tem a vista agradável do vai e vem dos gatos e gatas a caminho do Porto da Barra ("...todo gato, toda gata, toda coisa linda que passar..."). Fica na base da Princesa Isabel.

A procura por cafés tá virando um vício que vou compartilhar aqui: Tu veux du café?

Lévi-Strauss (1908-2009)


Poxa vida... ele estava ainda tão forte... A morte do antropólogo Lévi-Strauss, me deixou meio down. Imaginava a vida de um estudante das ciências sociais em Sorbone, andando e se encontrando com o mestre, bem velhinho e sempre solícito. (sobre a solicitude eu vi em um documentário! não posso afirmar... não fui em Sorbone, não conheci o mestre!). Sagitariano, ele faria 101 anos no fim desse mês.

Gosto de velhinhos sábios, o que é uma redundância, pois mesmo os mais matutos tem aquele doce azul de quem viu e absorveu muito... E nada me dá mais prazer do que ficar horas escutando histórias e estórias, num grande esforço de entender o dito naquela voz tão cheia de lembranças.

11.02.2009

Salvador

Tinha me proposto a resenhar a festa de encerramento do Fiac, mas o triste acontecimento da morte prematura de Neguinho do Samba fez com que eu modificasse os meus planos. É verdade que um tanto a contragosto (hifem ou sem?). Como os acontecimentos no Pelô foram suspensos a Feira das Artes, no Rio Vermelho, nos acolheu.
Mas é bem verdade que a cidade ficou down sem as batidas do samba-reggae.


Luciano Garcia, do Último Segundo, assim retratou a morte do músico:
"Bahia chora a morte de Neguinho do samba.
As ruas da Bahia, em particular do Pelourinho, amanheceram hoje com uma leve camada de orvalho criada pelo choro dos baianos com a morte de Neguinho do Samba, ontem à tarde.
Um dos criadores do Samba Reggae, Neguinho do samba, teve toda uma vida devotada à percussão, esse elemento diferencial que foi a entrada da marcação negra de origem africana na música pop mundial, e fez com que onde ela entrasse, (Brasil, EUA, Inglaterra, Jamaica) desse um salto com a criação de novos ritmos."
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/11/01/a-morte-de-neguinho-do-samba/

(Foto: Marina Silva/Correio)